Pronto...
Já agora seremos como dois irmãos, unidos pelo amor que há pouco nos venceu...
Meus sentidos não tocarão tua beleza nem sentirás a aspereza de meu corpo de encontro ao teu...
Há em ti a quietude das águas remansosas e protegidas, e eu sou como um barco de velas recolhidas guardando no cordame dos mastros a nostalgia erótica dos ventos e no bojo, ressoante, o rumor impetuoso do mar alto...
Pronto...
Já agora o meu pensamento ficou límpido e sereno como o céu sem nuvens depois que o vento passou num temporal...
- E consigo te amar – um amor quase fraterno e ameno,
- Que fica à margem do bem...
- Que paira acima do mal!
Já agora seremos apenas como dois irmãos...
Adormecerás em meus braços, com a tua mão que ficou em minhas mãos, e eu ficarei a enlaçar-te, com os lábios em teus cabelos numa ternura imensa, esquecido de minha presença...
Tens um vago olhar de sonho,
Eu um vago olhar de criança
E envolve-nos essa paz, essa serenidade.
Já não me ouves, vem sei... Se a tua cabeça em meu ombro pende, em abandono... Meus sentidos não acordaram a tua beleza, nem sentirás a aspereza de meu corpo perturbar a teu sono...
Pronto...
Ficaste nos meus braços, quieto, adormecido, como dentro de minhas mãos as tuas mãos...
Estranho o nosso amor...
Interessante a Vida...
- Há pouco, loucos como dois amantes!
- Agora, puros, como dois irmãos!
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