Perco-me

Perco-me no teu olhar…
Que não consigo mesmo ilustrar
Doce, meigo a me olhar .
Quero só te enlaçar!
Sentir este teu doce aroma
Invadir os meus sentidos .
E sentir o teu desejo ...
Te dar a humidade do meu beijo
Trocar sabores e desejos .
Vem... quero te sentir
Teu corpo esculpir
Tua alma invadir!

Só há uma forma de se estar perto
quando se está muito longe:
se fecha os olhos, bem forte,
e pensa e deseja muito, muito, muito
estar juntinho de quem ama.
Porque no amor tem dessas coisas
... a gente só não pode abrir os olhos
... a gente só não pode deixar de acreditar.

As sem-razões do amor

Eu te amo porque te amo,

Não precisas ser amante,

E nem mesmo sabes sê-lo.

Eu te amo porque te amo.

Amor é estado de graça

E com amor não se paga.

Amor é dado de graça,

É semeado no vento,

Na cachoeira, no eclipse.

Amor foge a dicionários

E a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo

Bastante ou demais a mim.

Porque amor não se troca,

Não se conjuga nem se ama.

Porque amor é amor e nada,

Feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,

E da morte vencedor,

Por mais que o matem (e matam)

A cada instante de amor.

(Carlos Drummond de Andrade)

Na Ausência de teus carinhos

Na ausência de teus carinhos,

Seus pensamentos me afagam.

A solidão não mais me abita, o medo não é mais meu amigo.

Na ausência de teus carinhos,

Tuas palavras te tornam real

A solidão não mais me assusta, estou em sua companhia

Na ausência de teus carinhos,

Saber de sua existência cancela as dores de qualquer

“SAUDADE”

Alto da noite

Quando chegar o alto da noite

E eu querer descansar meu corpo moído

Pelo cansaço do dia,

Vou encontrar teus braços abertos

Repletos e sossego e saudade,

Vou me deitar sobre o zelo

Dos teus olhos amorosos,

Me unir contra teu corpo

Cheirando a banho recém tomado,

Ficar na ofegante espera

De teus beijos no meu pescoço

Meus dedos em seus cabelos.

Tuas pernas entrelaçadas entre as minhas...

Assim eu sonho

Porque tudo que espero um dia

É chegar essa hora...

E é pouca qualquer demora,

Onde o infinito é tão pequeno

(Escrito por M. Panner)