Você é...

Quando te encontro e observo que ficaste ainda mais lindo e me entregas os lábios leves num beijo morno como a aragem, e tranças os teus dedos, me olha como no dia que nos encontramos pela primeira vez, é que percebo que e sempre “O NAMORADO”

Quando te preocupas com o tempo porque vou sair e recomendas como se me visse criança e repreende a minha falta depois que as visitas se foram, e endireita minha gravata e escolhes a minha camisa e me fazes trocar os sapatos que não combinam, quando surpreende meu cansaço, e me enlaça e recosta minha cabeça em teu colo, me da conselhos como se eu pudesse segui-los, é que descubro que há em ti, para mim, ate mesmo um pouco de “PAI”

Quando te consome muito mais com as minhas preocupações e adivinhas meus pensamentos, me previne contra falsos amigos, e te empenha em compartilhar a minha luta, e sem querer com uma palavra desvenda uma solução tão próxima e tão evidente, mais que meus olhos não percebiam, quando a noite na cama conversamos esquecidos como dois amigos é que compreendo também que és “O COMPANHEIRO”

Quando chego e ao abrir a porta me surpreendo com a sua espera e felicidade que me envolve e aconchega e me entrega os lábios úmidos e trêmulos: Quando te encontro depois de todos os detalhes cotidianos e prosaicos, que fazem o melhor da minha vida dentro do perfume de nosso lar, que considero nosso reino, nosso mundo, nosso Universo, sei que és então “O ESPOSO”

Quando a noite, de tarde ou de manha, ou mesmo em um momento imprevisto e nunca marcado sinto que precisas de mim, que te faço falta, como de ar, ou de água, alimento ou vida e te encontro ao meu lado sempre irrelevado a te dispor, e subitamente nos jogamos nas ondas que nos afogam e arrastam e nos sentimos salvos um no outro como um só és “O AMANTE”

Quando te encontro ao meu lado, deitado numa nuvem a acompanhar outras nuvens preguiçosas e itinerantes no céu do coração, quando te pões a falar como as crianças nas brincadeiras em diminutivos, em “faz-de-contas” de pura imaginação e de ti restou apenas o contato de nossos corpos que permanece em nós entretanto distante, imaterial, a planar como aquela gaivota na vaga luz da tarde, quando estirados na areia, cansados, mas felizes já podemos conversar, eu diria nesta hora que tu és simplesmente “O IRMÃO”